Fotos SinCity II

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terça-feira, 3 de maio de 2011

A Manhã Seguinte

Mal dormi, mas como dormir se a desgraça está a sua porta? Os barulhos malditos continuaram a noite toda, quando paravam era apenas a ilusão, quase como um delírio. O Sono misturado com mal estar, fome e cansaço, lá estava eu de olhos abertos quando os primeiros raios de sol vieram me visitar, não sei por que mas a luz do dia faz as criaturas fugirem, o perigo existe, atrás de cada sombra, tenho que aproveitar a luz, tenho que andar na luz. Cuidadosamente recolho meus poucos pertences, uma muda de roupas, coloco-a na velha mochila, junto com duas garrafas de água, como não se sabe o que acometeu a humanidade, a água é a principal suspeita, ela se tornou rara, e consegui-la é prioridade.
Examino bem a área antes de sair, ainda estão lá, não está claro o suficiente, as trevas ainda dominam, mas aluz brilhará, agora é questão de minutos, tenho que aproveitar o tempo, a indicação que tenho é distante e com certeza perigosa, não posso me dar ao luxo de desistir, isto me custará a vida.
Os raios solares vencem, o sol aparece todo avermelhado, e aos poucos seu tom alaranjado se fixa, será um dia quente. Este é o dilema, andar no sol e passar as agruras de uma insolação ou buscar refúgio na sombra, onde olhos famintos me aguardam.
Abro a porta, quero correr, mas o bom senso me diz que caminhando chegarei mas rápido. A grande cidade outrora pujante, agora parece um cenário de filme de guerra, carros queimados, prédios caídos, entulho por todos os lados. Atrás de cada pedra olhos me seguem, temem a luz, mas a fome os desafia. Fome, até me esqueci disto, sinto o estômago vazio, mas onde achar alimento? Lojas a muito foram saqueadas, incendiadas ou destruídas, nada encontrarei a não ser o vazio. Talvez se encontra uma casa, lá haja o alimento, farinha, ovos, um pouco de óleo, já seria uma refeição digna dos reis. Caminho pelas ruas desertas, se existe outro ser humano nas cercanias, ele se esconde, foge, pois não sabe o que sou, faço o mesmo, não quero me contaminar. Aproximo-me de uma casa, outrora deveria ser muito bonita, gente de posses deve ter morado lá, mas agora o quinhão da destruição a achou, e maltratou, paredes caídas, mas algo me chama a atenção, uma porta intacta guarda um cômodo, espero que seja a cozinha, entro com cuidado, olhando se ali nas sombras as criaturas me espreitam, nada vejo, nada ouço ou cheiro, pois o cheiro deles é cheiro de morte, podridão. Ali está seguro, avanço até a porta, mas ela esta trancada, forço, nada acontece, procuro algo que me sirva de alavanca, uma madeira, um ferro, qualquer coisa que me forneça meios de abri-la, lá está uma cruz, uma grande cruz, vazia, de ferro, deve ter sido um objeto de adoração, mas agora ela me salvará. Tomo a pesada cruz, lembro da história que me contavam de um homem que levou sua cruz, pregaram ele nela, alí ele morreu, mas diziam-me que ele tinha voltado a vida, Bem, ao menos ele me providenciou esta, se conseguir abrir a porta, Acho uma pedra e apoio a ponta maior  da cruz na parte debaixo da porta, forço, esforço e nada acontece, tento mais uma vez com o mesmo resultado. Desespero, mas não posso desistir, procuro outra pedra, maior, mais resistente, refaço a operação, consigo uma fresta, e um odor putrido atinge as minhas narinas, algo está se decompondo. Empurro a cruz contra a fresta  com um golpe seco, e forço novamente, a porta sede, e acho a causa do cheiro, corpos mortos, três cadáveres, sentados a mesa, esperando a refeição, morreram ali instantâneamente, quando o cataclisma aconteceu. Não tenho tempo a perder, pois o que para mim é repugnante, atrai meus algozes, procuro alimento, sinto-me um violador de tumbas, mas a necessidade me força, acho o tão cobiçado alimento, algumas batatas, apodrecidas, cebolas murchas, e cereal bichado, mas agora isso é alimento, acho uma sacola, encho-a destes manjares, encotro uma pequena panela e um isqueiro, tomo-os rapidamente, pois o cheiro dos cadáveres me incomoda, e atrai as criaturas que desafiadas pela fome ousam sair das trevas.
Corro para a luz, para o ar puro, para a liberdade.

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